quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Recaída

Há tanta poesia solta nesses verbos descontentes.
Há tanto medo de te perder.
Há tanto tempo, não fala mais comigo.
E esse é meu apelo:
Sabes que te quero,
sabes que o que não fiz foi por falta de convicção
ou coragem.
Mas você não me ajudou.
Ficou simplesmente cabisbaixa,
simplesmente me querendo nas entrelinhas.
Volta, ou me pede pra que eu vá.
Vou correndo.
Me apaixonei e sabe disso.
Mas, se não me avisares,
posso - e pode - perder tudo o que um dia iríamos ter pra nós.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

E eu

prometo que
vou guardar
nesse pedaço
de molécula
tudo o
que quiser
ser escrito.
E vou
ser rígido
na escolha
da amostra.
Papel pardo.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

E mais uma noite sem nada pra somar.
Eu tenho pequenos momentos de escrita. Não estou em um deles.
Mas continuem visitando isso daqui.
Um dia volta a ser legal, prometo.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Acordado do acordo do sonho.

Eu e essa minha mania da preguiça.
Acabei de pensar em pegar um antigo e jogar logo como se fosse novo.
Mas não hoje, hoje eu li algo que talvez tenha me tocado.
Foi sobre sonhos.
Sobre os meus sonhos que eu não quero desistir.
Sobre essa minha luta muda pra realizar tudo isso e poder deitar logo no travesseiro.
Mas não me entenda mal. Não é tanta pressa assim também.
Quero curtir cada segundinho que passa a caminho disso que eu tanto quero.
E, no fim, lavar minhas mãos sujas de terra e meus pés sujos de asfalto e tocar a última canção do devaneio. E ela vai ser tão louca quanto eu espero que toda essa caminhada será.
Daí eu fecho os olhos e sorrio: consegui o que, desde muleque, eu sempre quis.
Será que vai dar certo?
ENTÃO LEVANTA E CORRE ATRÁS.
Mas não, essa noite está acabando e eu vou dormir para somar mais alguns sonhos nessa cabeça de vento.

domingo, 31 de outubro de 2010

Esquecimento

Sou pura teia de aranha.
Corroendo nos cantos surrados cheirando cana-de-açucar destilada.
Sou o meu novo encanto.
Correndo nas ruas da pequena velha cidade com mãos nos bolsos vazios.

A saudade me envolve.
Como queria continuar aqui nos verões seguintes.
Mas sei que sou puro devaneio,
e me solto por aí sem precisar de rumo ou felicidades.

Sabe? Me sinto como pura alegria.
Falo pela noite,
mas não sou daqueles caras de desejostortos.
Conheço meu caminho e não me recuso de sonhar.
COMO SE FOSSE UMA MERA ILUSÃO,
ME DEITO AGORA NO SILÊNCIO.
SOU SÓ EU E MIM MESMO, NA ETERNA LUTA QUE É AMANHECER SEM MACHUCADOS.
MAS O FIM DO DIA SEMPRE GERA TRISTEZAS INDESCRITÍVEIS NO OLHAR DE UM VELHO CARENTE DE BLUSA AZUL E MEIAS CINZAS.

- só que o cara insiste em dançar break enquanto briga com a mocinha da turma do meu irmão.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A Palavradeus

As palavras são no final um meio de chegar até o que pensamos ser deus. Nosso deus é nossa palavra e nada mais. Se fechar os olhos a gente percebe. Langue parole erasmo carlos nietzche ronaldinho. Tudo no fim é igual é tudo uma busca por um insano chamado deus mas ninguém percebe que fomos nós que criamos as palavras e logo fomos nós que criamos deus. Então deus somos nós mas não podemos acreditar porque na realidade não acreditamos em nós mesmos. Aprendi isso no filme.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Opa,

só uma dúvida: a trema voltou pra língua portuguesa?
Eu fico perdido nessas coisas.

Um Ente Querido

Eu sigo independente,
onipotente,
um pouco contente
e com dor de dente.

Consigo inconsequente,
descaradamente,
tem cadeira, sente,
mas tá frio, se esquente.

Me ligo ausente,
solenemente,
no meio da gente
usando um terno indecente.

Agora estou ciente,
inconstitucionalissimamente,
quem dormir não mente,
vou dormir, me alente.

SINCERAMENTE?
NÃO HÁ QUEM AGUENTE!

domingo, 10 de outubro de 2010

Sorte de Principiante

Minha avareza é o meu controle remoto,
onde tudo que é concreto se transforma numa besteira sem tamanho.
Minha gentileza é só um enfoque,
aqui, sozinho, o mundo gira sem necessidades de etiqueta.

Sua natureza é o meu sentido morto,
pra mim, se quer assim, pode ser, mas não me agrado.
Essa mesa é aquela controvérsia,
se onde eu ponho o prato, não me ponho, mas se peço pato, me acompanho.

Nossa realeza é um lixo radioativo,
e não me deixo mais enganar pela idéia do infinito.
Olha! Que beleza, já passou mais um domingo,
só que nessa casa sobraram eu e um colchão frio.

sábado, 9 de outubro de 2010

Ainda

E ainda espero,
na sombra da tua dúvida,
que me conceda o suspiro
que eu precisava pra dormir em paz.

Não que não durma,
mas sei que ainda falta algo,
ainda falta muito.
Ainda falo muito.

Mas não se recuse chorar,
não se recuse pensar no que era.
Mas, quando passar, vem
e me diz que chegou a hora.

Ainda que sobre,
ainda que falte algo,
ainda que falte muito.
Na sombra da tua dúvida eu estou aguardando.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Mudanças.

Oba! Agora temos mecanismo de busca ali do google pra eu não me perder mais nessa zona que esse blog acabou virando.
E eu acho que ele ficou mais bonitinho assim também. Saudade dos meus layouts no photoshop e tal, eram muito mais artesanais.
Enfim, cala a boca, Léo.
Depois vem mais merdinha sentimental escrita pra vocês aqui. Por enquanto eu acho que vou dar uma cochilada.
Um abraço e distribuam esse blog pros coleguinhas, alguém um dia vai gostar. (Espero eu).

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Reflexo

Desculpa, amigo,
mas não sei o que fazer.
Não sei se era a hora de nos aborrecer.

Eu sei, amigo,
mas não posso te dizer.
Não sei, mas era a hora, eu tinha que fazer.

Me difame, amigo,
mas não venha com porquês.
Não quero me perder no meio de vocês.

Desagrade, amigo,
mas não vá liquefazer.
Não troco um por outro, não adianta nem dizer.

Não faz isso, amigo,
já se sabe que você
só procura abrigo, mas não deixa ninguém ver.

PORQUE SERÁ?
PÁPÁPÁÁÁPÁPÁÁÁPÁPÁPÁPÁ

Parabéns

Olha que legal, meu blog é tão antigo que a postagem anterior foi a 350ª postagem.
Massa né?
Nem é, mas beleza.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Hiperatividade Passageira

Eu as vezes não entendo essa minha doença. Passa tanta coisa na minha cabeça. Passa chaves na tevê. Passa tanto medo, tanta música. Passo eu, passa você. Ela passa e fica. Passam passos e Passenses. Passo frio. Passa minha mãe e meu pai, lá longe. Passam horas sem dormir. Passo mais um café pra continuar aqui. Passa a página, passa vontade. Passa-tempo, verdade. Passam dias que voltei e agora passa vento no vidro quebrado da janela do meu quarto. Só não paro de passar por essa pena de pedir mais um tempo pra passar com quem eu amo. Mas esse amor agora é tanta gente, que passam cidades, passam ônibus, passam meses e eu não consigo fazer passar esse desejo de que todos e tudo dêem uma passadinha aqui nesse sofá.
Enquanto isso, alguém passa a minha roupa na avenida Leite de Castro com um lindo ferro de passar.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Meu novo setembro

Eu não me entendo desse jeito,
sou tão bem quanto queria não ser.
Mas, talvez seja bom gostar assim.
Sempre me fez feliz.

Não importa se não é costume acreditar nesse tipo de coisa,
mas, pra mim, tudo dá certo no final, se você tem certeza que vai ser uma coisa boa.
É um paradoxo que somos nós: pessoas que interagem e se completam.
Mas o amor é algo mais.
É o que não se pode explicar por paradoxos.

Tá vendo, não me entendo tão bem.
Mas entendo que tenho estado feliz por estar assim: você.

Se tudo passa

talvez você passe por aqui.

sábado, 2 de outubro de 2010

Caderneta do Sherlock Holmes

Sobras do tempo de antes
sempre sobram na minha cabeça.
Seus cigarros, nossos jogos,
as risadas e tudo mais.

Os dias na piscina,
enquanto me ensinava a nadar.
Suas revistas escondidas
e os palavrões que aprendi falar.

As memórias de um cara que se foi,
essa vida nunca é o bastante.
Mas no fim eu agradeço e rio,
Obrigado, meu caro amigo, meu grande tio.

Aquele dia

À tarde a chuva veio me dizer
que hoje era o último dia que eu
tinha pra tentar.

Você estava tão quieta,
eu não sabia o que dizer,
então resolvi deixar.

Foi quando, já na rua,
me pedira pra ficar só mais um tempo
até desencontrar

Eu disse: porque não? É claro que quero ficar.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Velha

Hoje na rua eu consegui me deter
e pensei.
Consegui me tocar e me ver de dentro:
Aquela parte de mim palpitando para ser eu,
e era.

Toda a rua se virou de reverência, o meu carnaval particular e sóbrio.
Observava além dos confetes, mas nada mais me fez pensar.
O barulho era ensurdecedor.

Eu via os caras da madrugada e percebia
que era só aquilo que me tocava na nova vida
e não digo que fiquei triste, por essas é que eu sou pura felicidade.

O carnaval ficou bom e a água não era pra ressaca,
era só pra ter com quem tomar.
Lhes digo, amigos, que água boa era aquela.
Meu novo sonho púrpura lembrou do velho sonho e tudo ficou cinza como aquele céu.

Agradeci, o que mais eu podia fazer?

domingo, 19 de setembro de 2010

Um pequeno oi.

Oi, eu adoro o teu bom dia de madrugada quando acordo já na tarde e nem percebo os erros do resto do dia e quando vejo a luz na tela e fecho os olhos pra dormir só mais um pouco e sonhar com o que pode ser e lembrar dos poucos dias em que eu já me sentia um passarinho só de pensar que te veria sorrindo e dizendo coisas que guardei pra lembrar depois e conversar sobre coisas que guardei pra falar agora.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Não é mais verdade, mas ainda vale como produção intelectual.

E eu a olho com suspiro,
nunca o ultimo, eu sei,
mas sempre o desespero.

E na volta, calo-me certamente.
Como na primeira vez em que
tais olhos vi de perto.

Agora, ano além,
me vejo com a mesma vontade de outrora,
tê-la perto, meu mundo certo, sem a falta.

Me desperto do suspiro e não me calo:
Mesmo longe, não tão perto,
aqui fica sempre teu, como sempre é
e espero o quanto seja.
Vixe, parece música sertaneja.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Penso o que quero e vice-versa.

Eu até queria acreditar,
até queria aceitar.
Mas só penso no contrário.

Até pensei voltar,
eu até pensei em não voltar.
Mas só quero o contrário.

Eu até queria dormir bem,
até queria não sonhar com nada.
Mas eu só penso em tudo isso.

Até pensei em deixar,
eu até pensei em me deixar.
Mas agora eu sei que é só eu quem escolhe o que faço de mim. Então vou pensar o quanto quiser, e querer o quanto pensar que for preciso.
Hoje não foi nada, hoje foi só um dia em que eu quis não pensar.
Mas não me deixaram.

Viagem ao Centro da Terra

- Olá, digo eu.
- Olá, diz ela.
- É quanto? digo eu.
- É cinquenta, diz ela.
- Toma, digo eu.
- Então vamos, diz ela.
- É aqui o meu apartamento, digo eu.
- Bonito, diz ela.
- Tira a roupa, digo eu.
- Ah, diz ela.
- Vem, digo eu.
- Isso, diz ela.
- Gostosa, digo eu.
- Que delícia, diz ela.
- Isso, digo eu.
- Aaaah, diz ela.
- Uuh, digo eu.
- Gostou, gato? diz ela.
- Quer um cigarro? digo eu.
- Não, diz ela.
- Já vai? digo eu.
- Sim, diz ela.
- Tchau, digo eu.
- Até, diz ela.

Rapidez

E agora? Como a gente vai saber?
E agora? Cadê aquele "sempre sei"?
Mas e agora? Porque fui duvidar?
Vou embora, não aguento mais esperar.

Acidental

Ela olha para os dois lados da rua e atravessa. Passa pela travessa onde tudo aconteceu e sente o cheiro de mofo. Acende um cigarro para esquecer o cheiro de sangue. Entra na porta velha, a velha porta que a atormenta nas noites em sua cama. As paredes escutam o tão silencioso passo e sentem o cheiro da fumaça do cigarro. As paredes, absortas, abrem caminho para ela passar. A moça encontra a outra porta, a porta que lhe falaram ser tal. Bate três vezes, já com a mão no bolso. Aguarda. Bate três vezes novamente, agora suando frio. O velho abre."Não estou mais vendendo", diz ele encarando a moça até lembrar quem era ela. Lembra-se da maravilhosa noite de núpcias na mesma travessa, onde a lua ouvia os uivos do casal recém encontrado.
Três sons surdos de pólvora escorrem pelo ar do grande corredor escuro, enquando o velho escorre pelas paredes ainda absortas e sujas.
Ela acende outro cigarro e lembra-se do velho, lembra-se da dor. Deseja poder matá-lo novamente, mas os jornais não a deixam: "Famoso estuprador e traficante é morto por uma de suas vítimas."

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

William,

Bom dia!..
Estou enviando este rapaz para você atender e ver se pode ajudá-lo.
E veio na Casa da Família o que ele está precisando nós não podemos ajudá-lo.
Certo da sua atenção, agradeço e que Deus o abençoe.
Márcio da Paz. 10.08.10

Achei um papel na rua e resolvi que ele seria uma excelente explicação pra tudo o que a gente não viveu.
Não se pode reverter as coisas, e a ajuda nunca vem de quem precisa te ajudar.
Só que ninguém entende que não existe ajuda.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Cara de dó.

Enquanto o mundo meu girou
eu não percebi que a volta era o silêncio.
Além do mais, pestanejei
e me encontrei ferrado em descontento.

Vivenciei a sobra de dois nomes,
despenquei no meu a sombra do inverno.
Tremi de medo e frio ao não me ver
junto a tudo aquilo que era correto.

Então alguém veio me dizer
que o mundo inteiro gira sem saber
e que não vale mais contar as voltas
pois no fim tudo a quilo que se vê

Uma volta e meia de rancor
Uma volta inteira de pavor
Então alguém veio me dizer
que não.

Passatempo

Só queria dizer pra mim mesmo,
mas nem isso eu tenho conseguido.
Parece que tem algo preso aqui,
não é choro, porque nunca fui disso,
é só uma sombra de dúvida.
Uma sombra de culpa por não ter conseguido me dizer que não.

Mas, como diz a nova música,
deixa que o tempo vá.
É, e eu queria ficar.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Rapaziada do nordeste, se preparem. Aqui vai uma chuva de concreto.

Hoje não vi o meu sol partir, e ele partiu sem nem mesmo ver. Hoje meu mundo caiu denovo e não há flor que se cheire e deixe levar seu perfume para algo além de mim.
Além de mim não existem dores. Então, percebo, só há dores no que resta se tirar tudo além de mim.
E, nesse clichê de flores e dores, não encontrei resposta alguma e minhas frases são malfeitas.
Comparo o novo mundo com os outros mundos, comparo e recebo de volta a conta de luz. Não vejo lucro nem no antes e no depois.
De mim, são dois: eu e ele, que sou eu.
Não sei quem sou e nem quero saber se for assim.
E depois disso, acabo tendo raiva de quem sabe.
Desisto, me esqueço e esqueço o resto.
Deixei pra trás o velho mundo, deixei pra trás tudo de mais.
Só levo o que me convém.
Sou um cretino.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Resposta

Recriei aquela realidade e estava tudo ali,
preto no branco.
Ressalvei fatos, regredi tatos, dei um sorriso largo para o desconhecido.
E, de tantos "res", ri. E foi tudo alegria.
Disse adeus ao mal-estar, a vontade e a alergia.
Revoltei e reinventei isso tudo pra poder dizer:
Hoje sou eu e mais nada. E, antes de tudo, sou só isso. Depois também.
Adeus.

domingo, 21 de março de 2010

Um rato, arroz.
Arroto, ou dois.
Hahaha, a inexistência de consciência é apenas uma fuga.
Todos somos nós, e tudo é todos.
Não há fuga boa no mundo dos homens.
Eu sou quem sou, e idiota é quem não é.
Um abraço, amiguinhos.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Finalmente.

Soltaram minhas asas.
Olha ali, estou no meu céu azul.
É, pequeninos, aqui é bem mais legal.

Talvez eu mude minhas cores, minhas coisas.
Tudo que começa ruim, tende a ruir.
Não dessa vez.
Adeus pasárgada, não preciso mais de sonhos.
Tá tudo aqui já.

Quer dizer, quase tudo.
Mas ela sempre vai estar junto mesmo longe, prometo que vai.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Metamorfossa 2 (porque a 1ª é dos móveis)

Amanheci e não era eu. A banda tocando na janela, abri minhas asas e fui ver o que tinha acontecido.
Mas, logo no dia que metamorfoseei-me, resolveram que não tinha espaço para voar, e amarraram minhas tão sonhadas asas.
Caí logo no chão, sem entender bulhufas. Vieram me explicar sobre toda a economia do mundo, que as aves não faziam parte disso. O alpiste estava caro, as gaiolas de inverno também, já estavam devendo muito nas lojas e não daria pra voar muito.
As vezes eu penso que eu poderia até ser aquelas pombinhas na praça, comendo o que eu achasse, vivendo ali e só ali. Mas não me deixam, fecham a janela.
E agora esse quarto ficou muito pequeno pra mim, com todas essas penas no meu corpo. Que pena, sonhei tanto com isso.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Pipa

Estou o pó da rabiola.
A namorada vai pra longe,
não posso cursar a faculdade que passei,
não trabalho, não estudo, não toco mais musica,
nem escrever eu sei mais.
Sou o pó da rabiola.

É sério, turminha.
Sou um cego em um tiroteio.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O samba do até logo.

E eles passaram em frente a mim com ar de riso contido, acho que adivinharam minha situação e resolveram experimentar causar uma inveja. Deve ter funcionado, contrário não estaria escrevendo sobre eles.
Abraçados, no frio dessa mudança de estações, logo de manhãzinha, assim que saí do ônibus. E eu, atônito com tudo aquilo que estava acontecendo, logo me imaginei ali, um dia antes, na mesma calçada, me sentindo o maior do mundo, ao lado da maior do mundo. Agora já passou, minha semaninha da felicidade.
Segui, apesar do vento forte que bateu e acabou fazendo escorrer uma lágrima. Vento forte tinha outro nome antigamente, talvez chamavam de saudade ou algo assim, não me lembro sou novo. Daí, como quem tinha que continuar, continuei. Ali, na cidade populosa e eu: sozinho junto com mais tanta gente, e nem tinha porque procurar alguém, quem eu precisava eu não ia ver.
Estava deitada, ela, talvez chorando, dormindo, lembrando, não sei. Estava deitada onde já nos deitamos várias vezes quando não estavam olhando e abrimos sorrisos largos só por vermos que estavam ali os dois: a minha grande pequena e eu, e nada mais, na escuridão dos nossos pensamentos, trocando palavras que talvez nunca descrevam o tamanho que é aquilo tudo.
Se era essa rotina meio doida que criamos, agora vamos ter que mudar tudo denovo. Sacrifícios à parte, seremos felizes ao nosso modo. E eu estou tão feliz por ela, que até quase relevo a distância. Não relevo porque ainda dói bastante, mas quase relevo, pela alegria de ter visto tudo acontecer e participado.
É tudo doido ou tudo doído, um acento muda bastante aqui, mas não muda nada dentro de mim.
Obrigado, menininha, por ter me mostrado como tudo isso é bom.

Ana Lise com Bi, na tória.

Acho que sou da humanidade.
Odeio a má temática dos números.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

só pra lembrar

que daqui eu não espero mais nada.
que lá é o que me leva ainda, e quem é pra entender entende.
se minha ansiedade foi maior que a expectativa, agora eu tenho alguém pra me confortar e pensar que não importam os números, importam as palavras.
ah, toda essa importância. eu agradeço e me sinto humilde quanto a tudo que veio. que de mais forte aqui dentro são todos os afetos, longes mas não vãos.
me sinto sério, com cara de meio-dia. mas no buraco incolor do entendimento, resta a cor da pele.
com marcas de camiseta ao sol (que juro que não existem ou relevam) e me levam ao pensamento quente e ardente: se existe o ser repleto de mim, esse ser é repleto de ti.
e, numa declaração mais intensa, digo "o amor é o mais triunfante dos sentimentos, pois não espera resposta ou resultado, apenas é singelo e existe aos mais molhados lençóis, ou teclados de computador".
e hoje eu percebo o mundo de qualquer forma, pois não importa a forma, o que importa é percebê-lo.
seu cabelo.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Eu não te entendo
eu não me entendo
não entendo se é
ou se não entendo o que é
Se entendo o de perto
o de longe não é
Se entendo o de longe...
ah, cara, eu não entendo nada.

Estou frustrado há tempos por estar assim, mas nada supera o outro sentimento, não importa o quanto.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Gerônimo! e se foi.

As cores do paraíso eram só pra negar a maior certeza de simplicidade: o incolor. Pintaram os céus de azul, os infernos de vermelho e os nossos corações de verde-mofo. Tal qual um gorgonzola, corrompidos desde entranhas até exteriores baratos. Aquela pena sentida, aquele triunfo e mais nada. Gerônimo! e se foi e mais nada. Relutantes, seguiram com a vida dos corações verde-mofo, mas nada foi como era antes. E, só por um motivo: antes era nada. Compreendem? É, eu já sabia. Suas novelas baratas com histórias e contradições, suas almas viajantes e reencarnadas, seu antropocentrismo nojento, histórias pra boi dormir. Eu tenho pena, mas não me meto: cansem seus corpos com suas corridas, cansem suas barrigas com suas guloseimas enlatadas, mas, por favor e lhes imploro de joelhos, não cansem nem gastem suas mentes com baboseiras cada vez mais imbecis e sem sentido, entendam a raiz do problema, entendam as bases, não busquem respostas fora de vocês: TUDO ESTÁ DENTRO DE NÓS, E NÃO SOMOS NADA.