sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Alice

Alice tinha sete anos de idade
e alguns errinhos de caligrafia.
Escrevia que amava os pais,
mas amar ela nem sabia.

Dormia com sete pelúcias brancas
abraçando uma a uma.
Dizia que tinha monstros no armário,
mas sabia que monstro não existia.

Depois dos vinte, preferia os dezenove,
mas os anos passam, minha querida.
Pensava que não era nada,
e nada era o que seria.

Amou dezenove dos seus vinte amigos,
Alice enlouqueceu de paixão breve.
Matou os pais que nunca amou
e o amigo que sobrou.

No final, desmaiou, louca, trancada no banheiro,
cocaína e sangue no ralo do chuveiro,
os pulsos cortados por inteiro.
Seu final com dor e desespero.

Poeira

Pisa o pé e fica preto
no chão sujo da casa suja
e toma um banho breve
pra dormir deitado à direita.

Não sente mais vida, só dores nas costas de uma queda amortecida
e não tem amores.

Tosse da 1 às 6 da manhã e dorme com fome e sem sono.
Se pudesse, mudava tudo.
E pode.

A solidão e o sol (Ou "O brilho da noite no reflexo do teu canto")

Solene, o sol vem brilhar nas formosas horas do fim do dia,
quando acordo.
Vejo e faço um contrato: vai-te embora em uma hora
que esse que lhe aborda é da noite por escolha própria.
Mas não teimo em não deixar me esquentar por esses breves segundos,
quando acordo e o nosso acordo está fechado.

E ele vai, e sei que esquenta a casa de outrem,
que agora também acorda.
No meu fim do dia, quando abro os olhos,
percebo falhas na parede do teu quarto
e sinto o cheiro da fumaça velha da lata que é cinzeiro.
Tenho dores de garganta constantes por não ver o sol.

E aquela outra, que logo ali citei
-que agora é quente pelo sol, e não por mim-
aquela é bela e não me conhece, nem eu a ela.
Mas o mesmo sol, que me urge cinco e pouco,
acorda os galos do quintal da moça às seis e meia.
E os galos a acordam quando os meus olhos abrem,
sem saber se é pelo sol ou por mim mesmo.

Só que de lua e frio eu me contento,
e conto meia hora pra partir.
Enquanto canta o sino aqui,
no outro canto o galo canta e é hora de dormir.

Só me compenso pela dúvida
de pelo menos não saber
se um dia eu acordo galo
e ela sino.
E o sol a brilha e o brilho me acorda sem sol e eu canto
pra ela cantar.

Então continua com o nosso acordo, sol,
que quando partires eu acordo
pro resto do mundo acordar.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

mudei o banner. fiz no busão que entrei as 10 da noite e saí as 7 da manhã.
ficou ruim.
preciso dormir.

sábado, 13 de agosto de 2011

Dessas noites que me pedem

E te peço que venha e brilhe os olhos
que brilham
e me tira da penumbra desse quarto.
Se tenho estado sozinho, me ajuda a passar.

Desses momentos que me quis

E me fiz bem,
amém.
Só se me quero,
já quero o mundo.
E se já deixamos de lado qualquer tipo de cuidado,
caio já na ladeira e subo ao contrário pra me ver
no espelho
às sete da manhã
longe e sem ninguém
nu
e com os olhos sem luz
e já nem sinto aliviado
e nem meço angustia
pois se minha alma pesa
e se me pesa de agonia
jogo fora e vivo sem
e não ligo e nem posso
só espero que depois
não me apareça
com os olhos de fogo
ardência no coração
e a cabeça em chamas.
Por que já não te chamas de santeiro?
Já pensa em jogar a vida no bueiro?
Espera o amor do mundo inteiro?
Pois fique longe da cebola desse canteiro.
Que de lágrimas já bastam todos.

Dessas poesias que não escrevem

Só gasto o tempo se for hora de deixar,
e singelo, o tempo gasta e deixa fio pra poder puxar.
E quando puxo o fio,
tem traços de gente que o fio foi fiando pra traz.

Se pudesse ia junto, por uns tempos.
Podia só ser hora de deixar passar.
E como podia e seria,
passa e vá com deus, que eu fico aqui sem acreditar.

Só torro o tempo se acho que é hora de torrar,
e faz tanto tempo que não torro, que fio não quer nem puxar.
Mas quando vem, e vem de jeito,
tem forma de todo mundo que deseja ficar.

Desses descuidados erros meus

Enfim te achei, tão solitária,
e ao lado estava eu incompetente pra saber.
Mas daí a gente sempre acha que todo mundo é sozinho.
E fiquei sem saber.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Aula de história, sala 2.01.

Criou histórias na sua cabeça
e com essas histórias criou o mundo,
na cabeça.
Daí achou que o mundo eram essas histórias da cabeça.
E ficou triste.
E esqueceu de viver.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Dor de Dente

O desespero é estranho
já sentiu?
É como se fosse dor de dente,
fica lá no fundo e toda hora te avisa.

É...
É tudo muito estranho nesse mundo.