domingo, 29 de novembro de 2015

Razão

Não te peço perdão
nem sentimento.

Quem sou eu pra pedir sentimento?

Olívia

Dizem que o medo sempre surge na hora.
No pulo do gato.
Mergulhando em terra, lama, água ou mato,
vamos sentir o gosto da relva e só:
o medo paralisa a garganta,
como na corda um nó.

Olívia se deteve a pensamentos.
Decidiu que, se houvesse momento, falaria.
Estava entediada, fosse tempestade ou calmaria.

Naquele domingo saudoso se expôs ao sol do meio dia:
estava branca. Um tanto pálida, sua mãe dizia - sem cessar.
"Quem dera em Minas houvesse mar"
Mas não havia.

Então ela, Olívia, calma por si só, resolveu desentristecer.
Comprou uma passagem pra longe,
onde tem vento e o sol não esconde,
onde qualquer um pode viver.

E no caminho, mesmo quando bateu saudade,
a menina se pôs a pensar:
"de quê me adianta a falta do que já tive,
se além-mar não me importa subida, declive,
apenas vou estar."

E assim Olívia seguiu pra frente.
Sem pensar em casa, parente.
Ela foi...

Ciclo

Sei que já passei do tempo
que estou além do breve momento que já tive.
Mas o aperto no peito,
esquerdo, direito,
ainda sobrevive.

Quantas insanidades devo viver,
ver o dia cair, amanhecer,
até que abro um sorriso?

Quantas contas hei de fazer,
acordar, vestir, correr,
até aparecer morto, no piso?