quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Sinceridade já matou.

Te escuso meu amigo,
e não quero mais te ver.
Olha, sinceramente, não queria,
sei que não podia,
e nem esperei acontecer.

Você tem andado com umas pessoas estranhas,
uns caras meio sacanas,
eu nem queria te dizer.

Mas abre teu olho,
pega as chaves, esconde o molho,
esse não é nem mais você.

Me desculpe ser sincero.

A Roça do Seu Aristides

A gente ia pra lá quando era criança,
pegava bicho de pé, carrapato,
era aquela andança.

O Seu Aristides sempre sabia quando a gente ia chegar,
só de ouvir os pezinhos, ele já saía na porta, viola no braço,
já dava um abraço e começava a cantar.

E a gente era novo,
não entendia de quase nada.
Quando Seu Aristides cantava aquelas coisas de amor,
que a mulher dele até chorava,
a gente tava chutando o pé do outro debaixo da mesa,
tava esperando a sobremesa,
tava querendo correr no milharal.

Mas agora a gente entende o Aristides,
quando a gente vem aqui triste nesse bar.
São Paulo já não cabe mais gente,
a gente não encontra mulher descente,
e já faz um mês que tamo cansado de trabalhar.

E quem de nós que não senta nessa mesa,
bebe três, quatro cerveja,
e não tem vontade de voltar?
Lá pra onde era certo,
a roça do Aristides era perto,
leite de vaca, queijo fresquinho,
e música triste pra gente brincar.

De tudo desses mundos, desses tempos, de nem sei.

Tenho um medo do futuro
a partir do momento em que lembrei que ele existe.
Sinto saudade um mês antes de sentir,
e um ano inteiro até ela passar.

Meu coração é meio estranho.