quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Poetry, hear the words you say to me.

Dois poemas, o primeiro foi num surto psicótico, o segundo virou um roteiro para um curta metragem.

Sorte

Morte? Morteiros.
Solidão não é assim,
parece água no cabelo.
Ócio? Ópio.
Imaginação parece
pão de forma com mel.
Tarefa? Ócio.
Iludindo alguém
parece quando você é pequeno e quer nadar.
Poeira? Pedra.
Amar parece
quando você tenta tomar banho frio.
Ser humano? Ópio.
Desjejum parece
quando você come algo depois de passar por um jejum.



Amarelo

Apertado e espelho, ao mesmo tempo.
Ela se olha como se fosse ela.
Azul!
Uma luz acende.
Passos vindo, quer prendê-la.
A ultima gota cai.
A última lágrima.
Um grito inaldível, e mais um.
Passos rápidos.
Passos param.
Jogam-na como se fossem animais.
Rojões são ouvidos.
Mas ela já tinha tirado as mãos dos ouvidos.
O cabelo oleoso.
A cara oleosa.
A luz em seus olhos.
Amarela.
Olhos parados.
Olhos Castanhos.
Ele pergunta algo.
Ela cospe em sua própria barriga,
Perde as forças.
Retoma tempo depois.
Tempo suficiente.
Tempo inútil.
Ele e a faca.
Ela corre para a claridade.
Mas não poderia, seus pés não existem mais.
A dor vermelha.
A face amarela.
Líquidos, viscosos.
Cheiro forte.
Terra.
O caldeirão.
A sopa.
Água.
Cenouras.
Tempeiros.
Pés.
E tomates.
A hemorragia.
Humilhação.
Ela percebe-se dormindo.
Porque estaria dormindo bem em um momento como esses?
Acorde Helena.
Acorde.
Ele, ela no colo dele.
Ele e o caldeirão.
O vinho, e seus pés intactos.
Formigamento nos lábios.
O vinho.
Ele, sorrindo.
Cochilou Helena?
A sopa, quase pronta.
A cidade.
Claridade.
Luzes, amarelas.
Vapor, comida.
Ele, amarelo.
Ela, amarela.
Fogo amarelo.
Ela senta.
Esfrega os olhos.
Ele sorri.
Ela sorri.

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