domingo, 16 de setembro de 2012

Bran


Em branco.
Branco não, quase lá.
Uma cor meio fosca que aparenta ser como ando ultimamente.

Enquanto limpo minha casa,
recentemente alugada,
descubro tons estranhos de branco.
O branco da base dos meus tênis lavados com alcool em gel,
o branco do chão que já beira ao cinza
e o branco dessa página.

Simulação de página, eu digo.

Ultimamente eu ando simulando tudo.
Inventando relações naturais com tudo que não era pra ser.
Mas acaba sendo.

Contudo, me esvaio.
Escolho a partícula.
Mas mesmo assim me sinto obrigado aos fótons para o acontecer do meu trabalho.

Conheci tanta gente.
E nesse conhecimento, simulei reações impróprias do meu ser já divulgado.
Escolhi verbos, editei cadência vocal e, infelizmente, subtraí a consciência.

Não apurei meus fatos, inexisti enquanto eu mesmo
e acabei por depor meu contrato frente a juizes e réus.
O promotor se ausentou.

Agora recolho minhas migalhas do labor incansável às inevitáveis uma e meia da manhã.
Não foi uma escolha sã.

Pro meu fim, retorno ao igual:
eu aqui, eles lá, ela vindo.
O que me afaga é o ultimo caso,
o que me conforta é a vastidão do que virá.
Mas vem?

Não espero nada além.

Um comentário:

Luciana Rigotto disse...

detalhes de uma vida, histórias que eu contei aqui....rs