quinta-feira, 24 de abril de 2008

Sobre tudo o que eu quis.


Quando a gente é criança, a gente costuma sonhar alto, se perder em criações de como seria a nossa juventude. O mundo sempre parecia algo bem quente, aconchegante e nem um pouco preocupante, e sonhávamos que ele seria disso para melhor. Crianças têm uma habilidade incrível de sentir o tempo passar vagarosamente, sentir cada segundo como se fossem horas, e passar horas a fio imaginando coisas realmente boas sobre o futuro.
As músicas não faziam tanto sentido como fazem hoje, mas a audição nunca me foi um ponto forte na infância. Eu sempre queria ter tudo ao mesmo tempo, verouvirfalarcorrer, dormir era algo inexistente!
Não, não vim aqui dizer sobre sonhos infantis, só quis relembrar uma parte boa da vida de qualquer pessoa com a mesma grade social que a minha. Também não vim discutir a fome na Somália, onde a unica fase da maioria é a infância, e ela não chega nem perto de ser boa.
Vim aqui falar sobre aquelas vontades loucas de realizar planos infalíveis, de armar o plano em si. De pensar mil vezes antes de fazer, de planejar tudo da forma mais correta, e ter a certeza de que tudo irá dar certo. Coisas banais? Para a maioria da sociedade, sim. Para mim não, para mim essas coisas são as mais importantes, mais até do que uma crença ou religião, as quais não possuo nem compartilho.
A forma atual de pensar é nada mais do que banal, e eu prefiro não me misturar com a massa não-pensante da sociedade, e, como não existe uma massa pensante e sim uma minúscula porção excluída, eu prefiro pensar sozinho. Se eu dissesse tudo o que é a minha filosofia de vida, eu seria realmente um excluído, mas não ligo para isso. A questão é: o sonho.
Não, não aquele sonho que você tem quando vai dormir. O sonho que quero falar pode ser sinônimo de vontade. Uma vontade louca, infinita (e normalmente infindável) de fazer coisas de enorme valor sentimental. Tá, tudo bem, certas vezes podemos incluir um valor material aí, mas não acho que seja digno de ser chamado de sonho. Também não vou discutir valores capitalistas, eu sou feliz pela escolha socioeconomica do meu país!
Retomando: essa vontade louca de largar tudo, de fazer o que for preciso para que tudo - mesmo sendo muito pouca coisa - dê certo. Uma vontade de trilhar um caminho tortuoso para garantir nada mais que sentimentos que interpretamos serem bons. Sim, me considero romântico até demais, mas infelizmente tenho uma forma quântica de pensar. Não vim para discutir dinâmicas criacionais ou o escambau. Não acredito na felicidade, acredito em sentimentos bons.
Esses tais sonhos que eu venho cultivando há muito tempo me fazem acreditar em um sistema binário, onde há a necessidade de algo ser jogado fora. Eu, como um grande apologista desse tal sistema, acredito piamente que tudo deve ser jogado pro alto para se conseguir a tão desejada coisa, mas me parece que quase ninguém está disposto a largar seus tão preciosos bens, sejam eles materiais ou não, para ir em busca do que mais querem.
Digo: não se iludam com alguma outra vida, se iluda com essa e corra atrás dessa ilusão, lembre-se do maldito sistema binário, lembre-se de tudo e, quem sabe, tudo se encaixe em um exímio efeito dominó, e todos possamos ter sentimentos bons. Não, não quero dividir minha forma de pensar, nem falar como um messias em prol da salvação mundial (realmente não acredito que tal coisa exista). Sou exorbitantemente egoísta ao lhe dizer essas coisas, penso: se der certo, nada irá se impor a ninguém, inclusive a mim, e eu poderei cumprir e obter minhas tão cobiçadas vontades. Hahaha, não, não vim discutir meus pensamentos.
Sinceramente, acho que não vim fazer nada aqui e acabei falando até demais. Adeus.

2 comentários:

Thaís disse...

"Não é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim de cada um dos modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso, entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus."
(Clarice Lispector)



Continua ...
Adorei o que escreveu!

Leo disse...

Se eu me encontrasse com Clarice, seríamos um só por alguns segundos, depois acho que seríamos nada.

Continuarei, e agradeço o comentário semi-anônimo. Apresente-se se puder!