quinta-feira, 1 de novembro de 2007

The girl WHO does Yoga

Chapter I

Eles estavam todos ajoelhados, como de costume, nos tapetes rasgados e sujos. Alguns tapetes até possuiam certa quantidade de sangue coagulado em seus fios, mas isso não preocupava ninguém. Não que não preocupasse, é que ninguém percebia.
Todos estavam tão vidrados, olhando a tela do magnífico televisor de aproximadamente 50 polegadas, que algumas gotas de sangue (vindas de seus proprios joelhos) não iriam atrapahar todo um episódio de novela. Na realidade, nada iria atrapalhar o episódio, nem os animais, nem a chuva, nem o vulcão. Tudo já estava morto, extinto. Sobravam apenas as comidas enlatadas, cheias de conservantes, algumas gotas de água verde e fétida, e os televisores.
As músicas eram feitas apenas para trilhas de novelas e documentários do mundo antigo. Não haviam mais músicos. Apenas um rapaz, de fáceis 43 anos, careca e obeso. Esse rapaz, de nome Michael Struguez, era O Compositor. Se todos da degradada Terra soubessem quem era realmente o famoso Michael Struguez, o primeiro nome a aparecer nas aberturas de qualquer programa televisivo, talvez toda essa febre pelo aparelho televisivo já teria acabado faz tempo.
Michael era um rapaz que tomava banho 2 vezes ao semestre, o que era um grande avanço higiênico se considerado o único banho anual da maioria da população. Ele se sentia no direito de fazer isso, pois não havia necessidade de ouvir suas músicas mais de 89 vezes ao trimestre. Então, ele sempre reservava uma vinheta especial, e ia tomar seu divino banho. Sentia-se bem comendo suas pizzas, durante horas e horas, enquanto digitava melodias em seu pequeno notebook. Sim, um NOTEBOOK. Ela era uma das pessoas que necessitava do antigo aparelho de entretenimento. Usava-o para fazer as músicas para as vinhetas.
Atualmente Michael estava tentando desenvolver um programa de possibilidades aleatórias, onde não teria de fazer nada além de apertar um botão e ouvir toda uma melodia se criar. Ele era um homem de facilidades. Matara sua mãe quando ela completou 69 anos, para não ter o trabalho de mandá-la para um asilo. Seu pai já havia morrido faz um tempo. Mas não foi o Michael. Os 193 quilos do pai eram um álibi e tanto para o garoto.
Mas, esperem um pouco. Essa história não é sobre o maldito calvo que fazia as músicas. Essa história é sobre os televisores.

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