terça-feira, 21 de junho de 2011

Até o fechar dos olhos

A gente vive cada segundo numa intensidade gigantesca,
parece que, a cada momento, a vida vai dar uma guinada e a gente precisa estar preparado.
Tudo afeta a nossa pequena cabecinha e nos deixa pensando e pensando,
tantas horas pensando em cada segundo que passou.
E a gente nem percebe.
Depois de um tempo tudo é tão natural, que idéias geniais vêm e vão e a gente joga todas fora,
achando que são meras mediocridades da nossa alma estagnada de crescer.

E daí cada segundo passa, e é tão intenso quanto o outro,
mas tudo já ficou tão normal, que a gente não sente intensidade.
Então chora, pede abrigo, procura deixar tantas horas tão intensas como eram os segundos.
Lembra de quando era criança.
Quer dizer, lembra um pouco. A gente já perdeu muita lembrança,
e, me desculpem dizer, mas as perdemos por causa de trivialidades imbecis que botamos na cabeça.
O preço do pão, o carro do João, o filho do patrão, o rosto do ladrão.
E não valeu à pena. Por que só a gente sabe que, à noite, no quarto, a saudade de não pensar é tão grande
que a gente prefere dormir logo, porque de olhos fechados é mais fácil amar e ser amado,
e lá ninguém vai ser procurado por crimes que não cometeu.

4 comentários:

Gustavo Pavan disse...

belíssimo texto léo

Ana Luísa disse...

sempre textos incríveis! :D
parabéns, Léo!

Endiara Cruz disse...

Caralho, hein, Léo?

Bonecos de Pano disse...

Do caralho Léozeira. Saldade, rapazote!