sábado, 11 de outubro de 2008

desvairado

E são das noites que me fiz enlouquecido todo o sonho do dia em que eu seria lúcido. Seria a loucura o desespero da eterna lucidez? Seria a própria lucidez um instante desvairado?
E são dos lençóis perdidos na minha cama de solteiro todo o sonho da noite em que eu, enrolado em tais lençóis, perderia toda a loucura e não perderia mais os lençóis. Que, pelo que me lembro da infância, tudo que se perde no meio de pensamentos são só coisas soltas ao ar, e ao eterno esquecimento da memória que sonhava em um dia não precisar pegar os lençóis que caíram no chão.
E são para mim todo o resto de sonhos e dúvidas que, de um dia pro outro, hei de esquecer com tal voracidade que nem lençóis arrumados nem dias lúcidos poderão me presentear com a lembrança.

Um comentário:

Anônimo disse...

"...nem lençóis arrumados nem dias lúcidos poderão me presentear com a lembrança." Muito boa essa parte. Não me canso de dizer que você escreve muito bem.