quarta-feira, 27 de agosto de 2008

love will tear us apart

Love Will Tear Us Apart

Garrafas de conhaque, bitucas de cigarro, pratos sujos
tudo o que uma vez fora amor se transformara nisso:
lixo.

Os gritos vieram da janela ao lado
nem liguei. Eu sabia que a morte era algo doloroso
sabia que a decisão tomada, boa ou ruim, tinha de ser tomada.
Senti o cheiro de pólvora na mesma hora,
mas só instantes depois percebi que o sangue escorria
da minha cabeça, e não da cabeça da janela ao lado.

É algo horrível sentir o gosto do sangue quando você sabe que vai ser o último gosto que você vai sentir.
Silenciei de medo e orgulho: o tiro preciso e a vida se foi.
Não percebi escuridão. Na realidade, não percebi nada.
E, como era de se esperar, nenhuma luz se abriu e nenhuma corneta tocou sua música alegre: nossos anjos são vermelhos e negros, tal como o sangue e a pólvora que nos tira a única coisa que nos mantém vivos - as reações.


(Dedico esse ao Ian Curtis, que me fez sentir morto mesmo estando vivo.)

ps: não, não vou nem quero morrer, a vida é tão legal pra jogar fora.

2 comentários:

déborah disse...

eu quero ver o filme ):

você ou por mim. disse...

"Toda a humanidade estaria condenada a morte se houvesse um tribunal para os crimes imaginários."
(Paulo Bonfim)