Quando criança, todas as coisas são atencionáveis
O tamanho do grão de terra no canteiro da vovó,
A textura da borracha nova na escola,
O som do vento no lençol estendido,
As orelhas grandes de Samuel.
Me lembro de sentar no chão do pátio e, com o indicador e polegar quase juntos (na altura - e bem próximos - dos olhos), pensar que podia segurar qualquer pessoa ou coisa que passasse por ali. "Que pequeninos", imaginava.
Depois de um tempo, os dedos cresceram. Mas parece que o vão entre eles cresceu mais ainda.
Algo aconteceu
Ontem não importava mais o grão de terra nem as orelhas do amigo. Não cabiam mais pessoas entre os dedos. O bonito tinha virado bobagem.
Hoje, bobo que sou, resolvi ouvir o som do lençol no varal.
E, para minha surpresa, ele ainda estava lá.
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