Eram dois navios que oscilavam, longe, num grande mar de infinidades. Afastados pelo espaço e pelo tempo, mas com um destino comum.
Chegariam em algum ponto, o mesmo ponto, lugar em que seus trajetos não seriam mais importantes.
Ali, provavelmente, seria conclusivo que nem deveriam ter existido.
E ainda assim eram dois barcos, navegando pelo espaço-tempo.
O casco de um, desgastado pelas marés, trazia marcas e cicatrizes vorazes, resistindo ofegantes às investidas do sempre violento mar. Rangiam alto, ritmadas pelo som da antiguidade, mas nunca cediam ao avanço contrário das águas.
O casco do outro tinha o verniz reluzente à luz laranja do pôr-do-sol. Cortava as ondas como faca afiada e quente, passando pela carne ainda fresca. Navegava na velocidade do vento e não havia nada que o pudesse parar. Era um raio de luz que todos viam e segundos depois não estava mais lá.
Eram contrários e, sem saber, ainda tinham seu encontro.
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