Alice tinha sete anos de idade
e alguns errinhos de caligrafia.
Escrevia que amava os pais,
mas amar ela nem sabia.
Dormia com sete pelúcias brancas
abraçando uma a uma.
Dizia que tinha monstros no armário,
mas sabia que monstro não existia.
Depois dos vinte, preferia os dezenove,
mas os anos passam, minha querida.
Pensava que não era nada,
e nada era o que seria.
Amou dezenove dos seus vinte amigos,
Alice enlouqueceu de paixão breve.
Matou os pais que nunca amou
e o amigo que sobrou.
No final, desmaiou, louca, trancada no banheiro,
cocaína e sangue no ralo do chuveiro,
os pulsos cortados por inteiro.
Seu final com dor e desespero.